sexta-feira, 24 de setembro de 2010

BROKEN

Ele andava confuso... andava distante de tudo e de todos...
Falava com todos os amigos e saia, mas dentro dele aquela solidão não queria desaparecer.
Quando se deitava á noite, ficava horas com os olhos fixados num qualquer ponto do quarto mas não era isso que os seus olhos viam...

Os olhos dele viam aquilo que também ele durante todo o dia via mas não queria ver: ela.
Ele nunca pensou sentir-se assim, sempre foi tão seguro de si, e tão em controle da sua propria vida, e acreditava profundamente que ela, estava definitivamente desligada de si proprio, da sua vida, de tudo aquilo que ele sentia, de todos os sitios pelos quais ele passava... no entanto ela continuava ali.

Certa noite, subiu até aquele quarto, abriu aquela gaveta, e ganhou coragem para tirar o album à muito escondido e amaldiçoado... que achou nunca mais ter necessidade de abrir.

Foi com um suspiro mais profundo e de olhos fechados que o abriu.

Logo na primeira folha estava um foto de eles os dois.
Eles sorriam um para o outro, num tempo que para ele parece que nunca existiu apesar de ter sido totalmente real.
Analisou todos os promenores daquela foto... saboreou-a... e sentiu tudo aquilo que tinha direito com as suas proprias recordações.

Ora doce, ora salgado e amargo... ora a sorrir, ou a soltar um lágrima, ali, naquela foto ele permitiu demorar-se o tempo que quis.
O cabelo dela... sentiu o seu perfume.
As mãos dela que tantas e tantas vezes o acariciaram...

Fechou o album de fotos.

Desceu as escadas ainda a tentar voltar á realidade... vagarosamente.

Lembrou-se então de como continua a doer.
Aquela maldita dor.

Até hoje, ele não se tinha apercebido de que doía tanto... ele nunca soube que doía assim...
Assim sendo teve que tomar uma decisão.
Não queria ver mais... não podia.

E tal qual aquele album que ele guarda na gaveta esquecida, tudo o resto teria que ficar esquecido também.
O Adeus que nunca conseguiu dizer, teria que ser dito agora...

Ele conseguiria dizer Adeus?
Conseguiria terminar de sentir aquilo que sentia sempre que olhava para os olhos dela e que o fazia sentir que eram um só?
Que só de olhar para a foto dela, practicamente que conseguia cheirar ao que ela cheirava naquele dia... ou que mesmo sendo apenas uma foto... era tão mais do que isso...

A caminhada era dele apenas...
Que solitária aquela caminhada...

Sem ela.

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